“Paris, Os Passeios de um Flâneur” – Edmund White

Neste post optei por fazer referências às definições e reflexões relativas ao conceito de flâneur presentes no livro “Paris, Os Passeios de um Flâneur” de Edmund White. 

No século XIX, Baudelaire foi o flâneur parisiense consumado. Um dos seus textos essenciais é o “Le pelintre de la via moderne”.

“A multidão é o seu domínio, tal como o ar é o domínio das aves ou o mar o domínio dos peixes.” Baudelaire

Segundo Baudelaire, o flâneur depende de tal forma da multidão que pretende “casar-se” e diluir-se nela. Obtém prazer através da instalação na multiplicidade, em tudo o que se agita e que é infinito. Sente-se em casa em todo o lado. Tem um espírito independente, apaixonado e imparcial.

Baudelaire chega a compará-lo a um caleidoscópio equipado de uma consciência que, sempre que o tubo se desloca, copia a configuração de uma vida multifacetada.

O flâneur é considerado por Edmund White alguém que, por definição, dispõe de imenso tempo livre, alguém que pode tirar uma manhã ou uma tarde para deambular sem rumo ou  destino. O verdadeiro espírito do flâneur opõe-se a objetivos concretos ou a estipulações temporárias restritivas. A meu ver, o flâneur não pode ter restrições como o tempo ou lugares para onde tem que se dirigir, pois este age conforme aquilo que sente e que lhe dá prazer, observa as pessoas e aquilo que o rodeia e tem vontade de se diluir nessas realidades, no movimento fugaz e no infinito.

Walter Benjamin, no século XX, estabelece numa das suas obras a natureza exata do flâneur, ele não é um turista estrangeiro que percorre as grandes atrações das cidades, mas sim alguém em busca de um momento privado e não de uma lição, não se esperando que essas atrações o deixem arrepiado ou comovido. Ele não busca o conhecimento, mas sim a experiência. É uma pessoa indecisa, embaraçada pelas suas escolhas e que nunca sabe ao certo para onde ir. Segundo Walter Benjamin, é natural que o flâneur se sinta cansado, porque se esquece de comer, apesar da quantidade de cafés que o rodeiam.

“Tal como a espera parece ser o verdadeiro estado do estático contemplativo, a dúvida parece ser o verdadeiro estado do flâneur”

Walter Benjamin

Bibliografia

WHITE, Edmund; Paris, Os Passeios de um Flâneur; Lisboa: ASA editores; 1ª edição; 2004

Deixe um comentário